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Foto do escritorHeron Rosa

Melaine Klein e a psicanálise

Contribuições de Melaine Klein para a psicanálise

Melanie Klein estabeleceu um novo paradigma dentro da psicanálise, mesmo mantendo-se dentro da tradição freudiana. Sua obra representou uma evolução significativa no pensamento psicanalítico, tanto que uma de suas discípulas certa vez a desafiou, dizendo: "Agora já é tarde, você é uma kleiniana", destacando assim a criação de um sistema de pensamento próprio.





Um dos conceitos inovadores introduzidos por Klein foi o de objeto interno -- isto é, a fantasia representada de um outro a partir da introjeção de uma pessoa a sua volta (uma mãe, um pai, um qualquer) --, o qual ampliou consideravelmente a compreensão das pulsões e sua organização no psiquismo, influenciando diretamente o comportamento do sujeito. Suas observações clínicas com crianças contribuíram significativamente para essas novas formulações.


Klein divergiu de Freud ao identificar que o inconsciente não é apenas preenchido por memórias infantis recalcadas relacionadas ao complexo de Édipo. Ela observou atividades mentais primitivas e estágios iniciais da infância, que deram origem a insights transformadores para a prática clínica.


Ao analisar crianças pequenas, Klein percebeu que a fase mais crucial do desenvolvimento do complexo de Édipo ocorre antes dos três anos de idade. Isso implica que a repressão e a culpa já modificaram significativamente as relações do sujeito com os objetos de amor originais, moldando-os em "imagos" distorcidas dos objetos reais.


Além disso, Melanie Klein identificou manifestações do inconsciente que ocorrem antes mesmo do desenvolvimento da linguagem. Ela descreveu uma "ansiedade de morte" que se origina do medo de desintegração, ecoando a noção freudiana de pulsão de morte.


A análise de crianças pequenas também revelou a estrutura do superego como resultado de identificações datadas de vários períodos e estratos da vida mental. Essas identificações podem ser contraditórias, refletindo uma dualidade de bondade e severidade. Klein argumentou que o superego primário, muitas vezes, assume uma forma especialmente severa nas análises infantis.


Outras contribuições importantes de Klein incluem a identificação dos estágios iniciais do Complexo de Édipo já nos primeiros meses de vida, bem como os conceitos de posição esquizo-paranóide e posição depressiva. Enquanto a posição esquizo-paranóide é caracterizada pela fragmentação do ego e do objeto externo (um outro qualquer real), a posição depressiva envolve a elaboração de sentimentos e a integração dos objetos, representando um desenvolvimento saudável do sujeito. Para que fique claro, a fragmentação de um objeto externo, característica latente da posição esquizo-paranóide, é a cisão/separação do reconhecimento de quem é o outro, ou seja, ora o sujeito é um para mim, ora é outro sujeito. Já a integração de um objeto externo, é a unidade que se faz dessas representações em um único significante: o outro é composto por bondade e severidade. Neste último caso, característica da posição depressiva, não se deve confundir com o conceito amplo de depressão.


Mediante todas essas contribuições, observa-se que Melaine Klein e a psicanálise estão intimimamente imbricados. Em face dos novos conceitos amplamente divulgados entre os pares, os psicanalístas atribuem Klein como a fundadora da Escola das Relações Objetais para a psicanálise.


 
Referências

ZIMERMAN, David E. Fundamentos psicanalíticos [recurso eletrônico] : teoria, técnica e clínica : uma abordagem didática / David E. Zimerman. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2007.


BARROS, Elias Mallet da Rocha et al. Significado de Melaine Klein: A criadora da análise infantil fundou um sistema teórico próprio, ampliando a noção de inconsciente e introduzindo conceitos como objeto interno e identificação projetiva. Viver: mente&cérebro, São Paulo - SP, ed. 3, p. 6 - 15, [200-?].


SIMON, Ryad. Admirável mundo ambivalente: Com visão inovadora sobre a agressividade e a angústia, Klein dialoga com Freud, mas avança em questões como a formação do superego e o comportamento psicótico. Viver: mente&cérebro, São Paulo - SP, ed. 3, p. 6 - 15, [200-?].


OLIVEIRA, Marcella Pereira. A fantasia em Melaine Klein e Lacan. Mental, Barbacena, v. 6, n.11, p.x, dez. 2008. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-44272008000200007. Acesso em 17/03/2008.







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